do segundo andar

hoje abri os pulsos e criei pequenos buracos ao longo dos braços.
primeiro o esquerdo. depois o direito.
uma hora antes tinha escrito pequenas mensagens em pequenos papéis.
depois fiz pequenas bolinhas com eles.
hoje abri os pulsos e criei pequenos buracos ao longo dos braços.
primeiro o esquerdo. depois o direito.
depois coloquei em cada cavidade uma pequena mensagem.
uma para cada um de vocês.
uns minutos antes tinha estancado o sangue com água oxigenada.
fui bastante rápido.
vou pedir à minha irmã que me abra a porta. as minhas forças nunca foram muitas.
depois corro escada fora até ao último andar.
depois vou esticar os braços e saltar.
sei que vou saltar.
(se me fizesse escorregar e alguém visse ia achar que tinha escorregado mal
e não ia achar que tinha sido sem querer. eu treinei bastante.)
e vou desejar que os pequenos papéis saiam dos meu braços pela força do vento e se tornem flocos de neve.
eu nunca vi a neve.
tão branca.
e vou olhá-los de baixo.
bem lá de baixo.
vão encontrar-me de surpresa. eu não gosto de surpresas.
por isso espero que encontrem este floco de neve saído do meu coração.

3 comentários:

Inês disse...

vou tratar delas assim que chegue a casa, por enquanto ainda continuo em lisboa :)

Anónimo disse...

<3

pedrodamião disse...

Inês, trata-trata! :)

obrigado, Catarina! :)