diziam que era frágil como uma flor e sonsa como uma borboleta.
o sorriso era branco como as nuvens e ingénua como quando se nasce.
(e eu acreditava. acreditamos sempre.)
era bonita como uma Tibouchina e inconstante como o trânsito.
a pele era de veludo e seda os cabelos
mesmo quando pintados,
e os seus caracóis como... caracóis.
(e acreditava quando tocava.
pedias que parasse, para não te
despentear, mas eu tocava sempre.)
o seu cheiro era ar puro, o seu corpo era claro porque gostava muito
de beber leite e os seus pés eram perfeitos como que
desenhados por um grande pintor.
olhos grande azuis, mas não como o céu porque estes não têm compostos químicos.
o umbigo no sítio certo e o ventre também.
as mãos... bem, as mãos eram pequenas onde por momentos apenas cabia uma das
minhas.
os lábios eram tenros, os olhos
fechavam-se
e a língua sorvia cada prova do meu
embaraço.
o nariz era frio, pequeno, que me dá um
sorriso e uma vontade de
o tocar com os lábios.
mas só tocar.
(e eu observo. observo-te e gosto.)
e quando não posso, imagino e penso no
último dia em que lhe toquei...
mas quando me lembro que esse dia passou, apoquenta-me o coração.
porque sei que o seu coração está comigo, mas ela não.
e é feliz na mesma quando não.
(e gostam) (e gostas que gostem e tocam)
e eu, pé ante pé, afasto-me. e como sei
que os meus pés são maiores que os dela, por mais que não
queira que me afaste, não me acompanha.
e volta para trás
e eu vejo-a de longe e as notícias não chegam.
mas sei que continuará bonita como uma Tibouchina e inconstante como o trânsito.
3 comentários:
bonito :)
muito obrigado, Laura!
Muito bom de se ler, Pedro, este teu texto para um possível amor.
:)
Enviar um comentário